quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Papinho Iniciático

Tudo começa de lugar nenhum.
O próprio tudo foi nada um dia.
A estrada é linear, atalhos são proibidos:
É preciso contar o zero antes de chegar ao três.
É obrigatório dar o primeiro passo se quiser chegar ao final.

Não, não foi nenhum grande filósofo quem falou isso.
Na verdade, todo mundo que está dentro do jogo tem que pôr a cabeça para funcionar em algum momento, nem que seja só um pouquinho.
E quem faz os neurônios trabalharem, pensa. Quem pensa, filosofa. Quem filosofa é filósofo.
Quem quer que faça parte do jogo está dentro dessa estirpe, nem adianta discutir.
Até aí, é todo mundo meio igual.

Entretanto, isso só acontece até alguém tentar fazer algo diferente do que já vem sendo feito há muito tempo.
Bom, é claro que esse alguém primeiro é chamado de "estranho" pelos iguais.
Mas depois que consegue provar que fazer algo fora do comum não é tão condenável e em alguns casos pode até facilitar a jornada, vai de estranho à grande num pulo.

Pode parecer difícil, mas você nem precisa de muitos neurônios para revolucionar.
O maior "grande" de todos os antigos iguais, sequer tinha um Q.I mais alto que os outros.
Foi lá e soltou que seria uma boa amarrar os cadarços antes de começar a subida.
Ninguém quis acompanhá-lo na experiência considerada maluca ("nossa, esse mané vai se dar mal!", alguns diziam), mas acredite: quando descobriram que ele chegou lá em cima sem dar um único tropeção, num instante ele já tinha entrado para a história.

Que jogo é esse?
Como é que se joga?
Ora, pelas barbas de Thor, você já está jogando!
Como é que pode estar me perguntando isso nessa altura do campeonato?!

Ahh, sorte sua que tenho todo tempo do mundo e hoje estou com paciência.
Fique sentado aí mesmo, que eu vou te explicar como funciona, é bem simples de entender.
O objetivo do jogo inteiro é só um: alcançar o topo da escada.
E cara, se você quiser fazer isso (e acho bom começar a fazer agora, já que nem sabia que era um jogador), te digo que deve começar pelo primeiro degrau.
Nem pense em bancar o engraçadinho e desobedecer as regras: só vale subir um degrau de cada vez!

É, eu sei que ir de um em um é demorado, porém ninguém nem mencionou a palavra fácil por aqui, mencionou?
Se vale uma dica, pode ser bastante útil mentalizar a idéia de que vai chegar ao fim sem tropeçar nenhuma vez (a sorte aqui ajuda muito, então tente por sua conta e risco e não fique frustrado se tropeçar nos próprios pés. Acontece nas melhores famílias!).

O que têm lá em cima?
Existem inúmeras especulações sobre isso, mas é impossível saber com certeza. Quem chega lá, não volta. Se volta, volta muito diferente, irreconhecível. Fora que não se lembra do que viu.
Nós só sabemos que se existe a linha de largada, é provável que também exista uma linha final, e isso é o suficiente.
Ninguém está nem aí para o final, assim como não estão nem aí para o ínicio.
Todo mundo sabe que os dois existem de qualquer jeito, então para que raios se preocupar?

O assustador mesmo, é a subida.
Isso por que ela é um mistério, e até os gênios e heróis (mesmo com seus méritos e facilidades) cedo ou tarde vão ter que subir.
Todos temos.
O problema é que tudo pode acontecer, a partir do momento em que você decide que chegou a hora de dar o primeiro passo.
Nunca se sabe como a escalada será.

Siga as regras do jogo, não use nenhum atalho (já avisei que eles são proibidos), tenha boas idéias e quem sabe você possa até ajudar com a revolução...

Uma última dica: saiba também que só os super-heróis voam e é por isso que chegam no último degrau tão rápido.
E você não é nem super, nem herói - ainda é zero.
Mas se amarrar os cadarços e persistir, sem ligar muito para os tropeços...
Bom, pode até ser que um dia chegue ao três.